..... Apanhei o cabelo em rabo de cavalo agora a minha solidão vê-se tão bem como a minha face ... E a minha face é desassombrada as sombras não são minhas. .... ..... Adília Lopes
... (imagem retirada da internet) ........ ....... Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe de asa... Se ao menos eu permanecesse aquém... Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído Num grande mar enganador de espuma; E o grande sonho despertado em bruma, O grande sonho - ó dor! - quase vivido... Quase o amor, quase o triunfo e a chama, Quase o princípio e o fim - quase a expansão... Mas na minh'alma tudo se derrama... Entanto nada foi só ilusão! De tudo houve um começo ... e tudo errou... - Ai a dor de ser - quase, dor sem fim... Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim, Asa que se enlaçou mas não voou... Momentos de alma que, desbaratei... Templos aonde nunca pus um altar... Rios que perdi sem os levar ao mar... Ânsias que foram mas que não fixei... Se me vagueio, encontro só indícios... Ogivas para o sol - vejo-as cerradas; E mãos de herói, sem fé, acobardadas, Puseram grades sobre os precipícios... Num ímpeto difuso de quebranto, Tudo encetei e nada possuí... Hoje, de mim, só resta o desencanto Das coisas que beijei mas não vivi... Um pouco mais de sol - e fora brasa, Um pouco mais de azul - e fora além. Para atingir faltou-me um golpe de asa... Se ao menos eu permanecesse aquém... ... .... Mário de Sá-Carneiro
Pierre-Auguste Renoir Quando à noite desfolho e trinco as rosas É como se prendesse entre os meus dentes Todo o luar das noites transparentes, Todo o fulgor das tardes luminosas, O vento bailador das Primaveras, A doçura amarga dos poentes, E a exaltação de todas as esperas.
Quando à noite desfolho e trinco as rosas És tu a Primavera que eu esperava a vida multiplicada e brilhante em que é pleno e perfeito cada instante
Quando à noite desfolho e trinco as rosas És tu a primavera que eu esperava... Sophia de Mello Breyner Andresen
Um degrau de uma escada, nunca foi feito para que permanecêssemos em cima dele mas sim para suportar um pé apenas o tempo suficiente para que o outro pé alcance o degrau seguinte. .