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René Magritte
Como tudo
Hás-de chegar com o corpo
Encostado ao rosto
Da cidade.
Com teus olhos
Decididamente tristes
Vens tomar a minha mão
Dar-lhe o gosto das cerejas
E levá-la ao teu
Mais secreto descaminho.
Hás-de chegar
Nas asas do silêncio
Tão mansa como a tarde
Que se esvai
Entornando sobre o chão
O perfil agudo das paredes.
Chegas hoje ou amanhã
Quem sabe?
Hás-de chegar de surpresa
Como sempre
Desviando o sentido dos relógios
E pedindo que o desejo
Se vista de veludo.
(prefiro cetim)
José Fanha
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