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quarta-feira, setembro 06, 2006

e será tarde até saber que não existes...

...
August Macke

Neste curso espaço entre nós e a morte
tão mal gastamos a nossa despedida!

Tu, amor de quem (não) sei o nome
de onde não sei a sorte,
vais passar além deste poema que era teu
e assim, de morte construída,
teus passos vão enchendo a minha vida.

Outro nome será flor sobre os teus lábios,
e outros dedos tocarão a límpida frescura
dos teus ombros quase d`água
e saberão de cor o horizonte branco do teu corpo…

E assim iremos de olhos futuros,
tu, envelhecendo da minha ausência,
eu, a erguer-te na curva da esperança,

e outra mão vai desmanchar a tua trança
e hei-de beijar teu rosto onde não eras
e serás só o que há antes das horas mais tristes
(e será tarde até saber que não existes)

Neste curto espaço entre nós e a morte,
onde me vais perdendo,
onde te vou buscando,
nosso amor se vai embora alimentando
de despedida;

não porque morra o tempo em teus braços,
mas a vida.


Victor Matos e Sá

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