quarta-feira, abril 25, 2012
segunda-feira, abril 23, 2012
Ah! O cheiro... gosto de começar pelo cheiro...
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Jonathan Wolstenholme
Jonathan Wolstenholme
Eu, por exemplo, gosto do cheiro dos livros.
Gosto de interromper a leitura
num trecho especialmente bonito
e encostá-lo contra o peito,
fechado,
enquanto penso no que foi lido.
Depois reabro e continuo a viagem. (…)
num trecho especialmente bonito
e encostá-lo contra o peito,
fechado,
enquanto penso no que foi lido.
Depois reabro e continuo a viagem. (…)
Gosto do barulho das páginas sendo folheadas.
Gosto das marcas de velhice que o livro vai ganhando:
(…) a lombada descascando,
o volume ficando meio ondulado com o manuseio.
(…) a lombada descascando,
o volume ficando meio ondulado com o manuseio.
Tem gente que diz que uma casa sem cortinas é uma casa nua.
Eu penso o mesmo de uma casa sem livros.
Martha Medeiros
Eu penso o mesmo de uma casa sem livros.
Martha Medeiros
sábado, abril 21, 2012
Grito como águas sem lugar
.
Steven Smith
Há na saudade pungente
Uma seara desejo
Uma giesta, um beijo
Sem tentação que o tente,
Uma seara apagão,
Uma só ténue lembrança,
Berço, eira-recordação
Que não passa de esperança.
E na saudade agonia,
Aquela em que eu vivo e vivia
Em movimento de fado,
Corre uma dor lancinante
Que embala a todo o instante
Como um ferrão tresloucado
A ausência de ti
E de tudo
Mesmo do que é recordado.
Paulo Anes
quinta-feira, abril 19, 2012
A minha colcha encarnada
.
Jim Morton
Perfumes estonteantes,
atiram-me embriagada
sobre os cetins roçagantes
da minha colcha encarnada!
Em espasmos delirantes,
numa posse insaciada -
rasgo as sedas provocantes
em que me sinto enrolada!
Tomo o cetim às mãos cheias.
Sinto latejar as veias
na minha carne abrasada!
Torcem-me o corpo desejos
mordendo o cetim com beijos
numa ânsia desgrenhada.
Judith Teixeira
Noite de Dezembro 1922 - Horas de Febre
domingo, abril 15, 2012
Entre o sol da noite e o luar de dia
.
(encontrado na net)
Turva hora onde
Principia a noite
E o dia se esconde.
Hora de abandonos
Em que a gente esquece
Aquilo que somos
E o tempo adormece.
Nevoenta hora,
Hora de ninguém
Em que a gente chora
Não sabe por quem.
E tudo se esconde
Nessa hora onde
Por estranha magia
Brilha o sol da noite
E o luar de dia
Natália Correia
segunda-feira, abril 09, 2012
Letes
.
Ken Flett
Lento o amor esquece e a alegria
É como uma história de outrem.
Passa a noite fria
Na nossa nostalgia,
Passa a nostalgia, toca a desgraça
E tudo o que passa
Toca em ninguém.
Paulo Anes
Espera
.
Jeffrey Batchelor
Deito-me tarde
Espero por uma espécie de silêncio
Que nunca chega cedo
Espero a atenção
a concentração da hora tardia
Ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
A nossa própria mão pousada sobre a mesa
É então que se vê o passar do silêncio
Navegação antiquíssima e solene
Sophia de Mello Breyner
quinta-feira, abril 05, 2012
A Dança dos Jograis
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