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As crianças viravam as folhas
dos dias enevoados
e da página do Natal
nasciam momentos prateados
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da infância. Intérmina, a mãe
fazia o bolo unido e quente
da noite na boca das crianças
acordadas de repente.
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Torres e ovelhas de barro
que do armário saíam
para formar a cidade
onde o menino nascia.
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Menino pronunciado
como uma palavra vagarosa
que terminava numa cruz
e começava numa rosa.
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Natal bordado por tias
que teciam com seus dedos
estradas que então havia
para a capital dos brinquedos.
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E as crianças com tinta invisível
do medo de serem futuro
escreviam seus pedidos
no muro que dava para o impossível,
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chão de estrelas onde dançavam
a sua louca identidade
de serem no dicionário
da dor futura: saudade.
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Natália Correia
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