Pierre Auguste Renoir
Ai que vida mais triste! Ando mesmo abatido,
Vi hoje a minha amante nos braços do marido,
Já não quero viver, após tal decepção
E ando mesmo a poupar p'ra comprar um caixão.
Ai, Aurora! Traidora!
Já não tenho palavras, fiquei sem argumentos,
Ela quer abusar dos meus bons sentimentos.
Abraçada àquele tipo diante de mim,
Perante tal ultraje, isto não fica assim.
Ai, Aurora! Traidora!
Eu nem sei que fazer neste mundo malvado,
Já se diz por aí: «O Lulu é veado»
E p'ra me chatear, disse-me ela uma vez:
«O mais corno dos dois, não é aquele que tu crês!»
Ai, Aurora! Traidora!
Mas que raio me deu, p'ra não desconfiar,
Da enorme traição que pairava no ar,
Porque os filhos que tem, fui eu quem os quis,
O que há dias nasceu, não tem o meu nariz.
Ai, Aurora! Traidora!
Se te apanho outra vez nessa pouca vergonha,
Ai que não me contenho, dou-te cabo da fronha.
Escolher o marido p'ra enganar o amante.
É levar o adultério ao ponto culminante.
Ai, Aurora! Traidora!
Poesia e Música - Georges Brassens
Adaptação e Interpretação - Luís Cília
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