.
Julek Heller
.
.
Vimos o mundo aceso nos seus olhos,
E por os ter olhado nós ficámos
Penetrados de força e de destino.
.
Ele deu carne àquilo que sonhámos,
E a nossa vida abriu-se, iluminada
Pelas imagens de oiro que ele vira,
.
Veio dizer-nos qual a nossa raça,
Anunciou-nos a pátria nunca vista,
E a sua perfeição era o sinal
De que as coisas sonhadas existiam.
.
Vimo-lo voltar das multidões
Com o olhar azulado de visões
Como se tivesse ido sempre só.
.
Tinha a face voltada para a luz,
Intacto caminhava entre os horrores,
Interior à alma como um conto.
.
E ei-lo caído à beira do caminho,
Ele - o que partira com mais força
Ele - o que partira pra mais longe.
.
Porque o ergueste assim como um sinal?
Pusemos tantos sonhos em seu nome!
Como iremos além da encruzilhada
Onde os seus olhos de astro se quebraram?
.
.
Sophia de Mello Breyner
Sem comentários:
Enviar um comentário